segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Mulheres e trabalho: imprensa valoriza trajetórias individuais e ignora desigualdades de gênero

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Análise da cobertura de 16 jornais de todas regiões brasileiras sobre a presença da mulher no mercado de trabalho aponta que políticas públicas e marcos legais ficam em segundo plano no noticiário.

O resumo executivo da pesquisa pode ser acessado nos sites do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, do Instituto Patrícia Galvão e da ANDI (no novo minisite Mulheres na Imprensa).
“Seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística” discutirá os resultados desta e de outras três pesquisas inéditas. O evento acontecerá em Brasília, no dia 3 de outubro.
As mulheres são quase metade da população economicamente ativa no Brasil. Mesmo assim, ainda convivem com problemas como a dupla jornada de trabalho e um baixo salário médio, que representa apenas 70% do que os homens recebem.
Este tipo de problema, entretanto, costuma ser ignorado pelos jornais brasileiros. Segundo o estudo “Análise da Cobertura da Imprensa sobre Mulheres e Trabalho”, ao longo de 2010 apenas 9% do noticiário sobre o tema trataram da questão salarial, enquanto 15% cobriram o acúmulo de atividades no ambiente profissional e doméstico.
Em sua maioria, os 450 textos analisados se concentram em trajetórias profissionais bem-sucedidas (28,54% das matérias) e em questões genéricas do mercado de trabalho, como dificuldade de acesso ao emprego e desemprego (24,94%).
A pesquisa é a segunda de uma série de levantamentos realizados pela ANDI – Comunicação e Direitos e pelo Instituto Patrícia Galvão, no âmbito de projeto desenvolvido com oObservatório Brasil da Igualdade de Gênero, da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.
Cargos de chefia têm destaque
Um aspecto positivo da cobertura está no debate sobre a tipificação das tarefas femininas e masculinas. Em 10,86% do material, a imprensa se dedica a questionar o que é dever da mulher e do homem, desmistificando o papel feminino de “cuidadora” e o masculino de “líder”.

As profissionais em posição de liderança são abordadas em 23,48% das matérias. O enfoque está nas histórias individuais de superação da desigualdade profissional de gênero. Por isso, executivas ou supervisoras são retratadas em 8,84% dos textos analisados, enquanto as atividades da trabalhadora doméstica estão em apenas 4,29%.
Licença maternidade, leis e determinações
Um ponto crítico é o pequeno espaço que a cobertura dedica às políticas públicas. Apenas 7,51% das matérias tratam do assunto, o que indica a falta de fiscalização das ações do governo na área. Acordos e convenções internacionais sobre a mulher no mercado de trabalho surgem em 1% do noticiário.

Apesar disso, chama atenção a presença de temas legais em mais de 15% do conteúdo. Comparando-se com outras análises coordenadas pela ANDI, o percentual é considerado alto. Boa parte dessa visibilidade ocorreu pelas citações da lei que amplia a licença-maternidade.
Já outras importantes leis discutidas no período – como os direitos das empregadas domésticas e a legislação sobre assédio moral e violência sexual no trabalho – nem sequer foram mencionadas pelos 16 jornais analisados.
Fontes de informação
Os dados dos institutos de pesquisa sustentam 34% das matérias. O IBGE é o mais citado, em 19,3% dos textos. Outros institutos governamentais aparecem em 16,67% da cobertura.
Pessoas comuns – e não autoridades ou especialistas – são as principais fontes de informação procuradas pelos jornalistas. Elas foram foco em 38,41% do noticiário, o que indica uma predominância de casos individuais.
Mesmo assim, o poder público é escutado em 23,84% da cobertura. Por outro lado, o espaço para opiniões divergentes está presente em apenas 4,3% do material pesquisado.
Seminário irá debater visibilidade da mulher na mídia
A ANDI, o Instituto Patrícia Galvão e o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero já divulgaram anteriormente o resumo executivo de outro estudo intitulado “Análise da Cobertura da Imprensa sobre Mulheres na Política e Espaços de Poder”. Ao longo do mês a parceria irá apresentar dados de mais duas pesquisas temáticas: Mulher e Violência, e a posse da presidente Dilma Rousseff.

Os resultados completos serão debatidos no seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística, organizado pela Secretária de Políticas para as Mulheres. O evento reunirá em Brasília profissionais de imprensa e especialistas na agenda de equidade de gênero. Será realizado no dia 3 de outubro, no Auditório do Anexo I do Palácio do Planalto, e é aberto. Inscrições online pelo site:http://adm.informacao.andi.org.br/seminario/.
Resumo executivo
resumo executivo da pesquisa está disponível para download nos sites da ANDI, do Instituto Patrícia Galvão e do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero.

O Observatório é uma iniciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República para dar visibilidade e fortalecer as ações na promoção da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres. Para isso, o Observatório atua em cinco grandes eixos: Indicadores; Políticas Públicas; Legislação e Legislativo; Internacional; e Comunicação e Mídia.

Fontes
Instituto Patrícia Galvão
Jacira Melo e Marisa Sanematsu
jaciramelo@uol.com.br / msanematsu@uol.com.br
(11) 3266-5434
ANDI – Comunicação e Direitos
Lauro Mesquita e Diana Barbosa
lmesquita@andi.org.br
(61) 2102-6530
Observatório Brasil da Igualdade de Gênero 
Nina Madsen e Júlia Zamboni
nina.madsen@spmulheres.gov.br / julia.zamboni@spmulheres.gov.br 
(61) 3411-4227
Fonte: Portal ANDI
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