sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Usuários da Cracolândia de SP querem deixar o vício, revela pesquisa

Segundo a Unifesp, 47% dos usuários da região aceitariam tratamento.  Prefeitura diz que 24 dependentes já foram encaminhados ... thumbnail 1 summary
Segundo a Unifesp, 47% dos usuários da região aceitariam tratamento. 
Prefeitura diz que 24 dependentes já foram encaminhados

Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (6) revelou que os usuários de drogas da Cracolândia, em São Paulo, querem deixar o vício. A ocupação da polícia no local já dura quatro dias.

Ninguém pode voltar para os escombros que serviam de casa. Comprar crack ficou mais difícil. A polícia quer impedir o acesso à droga e prender os traficantes. Desde terça-feira (3), mais de 500 pessoas foram abordadas. Quem ocupava a Cracolândia ainda vaga sem rumo pelo Centro de São Paulo.

"Como é que você consegue o tratamento de um dependente químico? Não é pela razão, mas pelo sofrimento. Quem busca uma ajuda para uma dependência química é quem não suporta mais a situação em que está vivendo”, afirma Luiz Alberto de Oliveira, da Coordenadoria de Atenção às Drogas.

Uma pesquisa feita no mês passado pela Unidade de Dependência de Álcool e Droga, da Unifesp, com 170 usuários na Cracolândia, revelou que a maioria começou a fumar crack antes dos 18 anos. Muitos dizem ter dinheiro para bancar o vício, mas parte admitiu roubar, prestar serviços a traficantes ou pedir esmolas. Um em cada dez faz sexo em troca da droga. Ainda, 53% disseram ter testemunhado mortes na Cracolândia. Quase um terço sofreu violência no local em dezembro e 10% das mulheres foram vítimas de abuso sexual.


Metade dos entrevistados consome a droga há mais de dez anos e um quarto deles fuma mais de vinte pedras por dia. Isto significa que eles passam o tempo todo entre a alucinação e os sintomas da abstinência. Mesmo nesta situação, 47% responderam que aceitariam algum tratamento, se fosse oferecido. "Se por acaso ele quer ajuda tem que ser na hora. Mas ainda não temos um lugar para ele chegar, comer alguma coisa, tomar um banho e aumentar o seu contato com os agentes de saúde", disse o psiquiatra Marcelo Ribeiro, da Unifesp.

A prefeitura argumenta que a invasão da polícia veio depois da criação de uma rede com centros de atendimento, abrigos, hospitais e equipes de saúde e assistência social na rua. "Com certeza, com a redução da oferta de drogas, os agentes comunitários e as equipes da saúde na rua terão muito mais recursos técnicos para trabalhar com essa população", garante Rosângela Elias, da Coordenadoria de Saúde Mental da prefeitura.

A prefeitura de São Paulo informou que 24 dependentes que estavam na Cracolândia já foram encaminhados para tratamento.
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