Novamente aproveito os conhecimentos ecológicos do jornalista Washington Novaes para
reforçar um dos paradigmas mais urgentes para superar a atual crise e
lançar os fundamentos de uma nova civilização e de um outro tipo de
humanidade: a cooperação. À luz das formigas e dos cupins que vivem e
sobrevivem da ilimitada cooperação, mostra-nos um caminho para toda a
humanidade. Se Marx tivesse conhecimento destes dados teria argumentos
mais convincentes para o seu ideal do socialismo como forma cooperativa
de organização social e forma de estruturar o Estado.LB
Acesse:(Leonardo Boff.com)
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Texto da BBC Brasil estampado na última segunda-feira por
este jornal relata a preocupação de cientistas com a “invasão global de
minhocas” e de “outras espécies alienígenas” – entre elas as formigas -,
que “já conquistaram quase todos os continentes” (a Antártida é uma das
exceções). Espécies invasoras estão “vencendo a competição” com
espécies locais porque se adaptam rapidamente a terrenos desmatados e
alterados, mudam a estrutura dos solos. Podem reduzir efeitos da erosão,
como na Amazônia, aumentar o nível de minerais no solo e estimular o
crescimento de plantas. Mas afastam outras espécies.
Estranho que possa parecer, é tema altamente
relevante, fascinante mesmo, por muitos ângulos. E quem se interessar
pode, por exemplo, consultar o livro Journey to the ants – a story of scientif exploration” (Harvard Press University, 1994), de
Bert Hordobler e Edward Wilson, este último considerado um dos maiores
conhecedores da biodiversidade e o maior especialista em mirmecologia, o
estudo das formigas, ao qual se dedica há meio século no mundo todo,
com vários livros publicados. A ponto de um deles (The Ants, 1990), pesar 3,4 quilos.Juntos, Wilson e Hordobler têm pesquisas de quase um século.
Wilson e Hordobler começam ensinando aos humanos uma
lição admirável das formigas : seu êxito – que as levará a dominar o
planeta, de acordo com o primeiro – decorre do extraordinário
comportamento de cooperação entre os milhares de membros de cada
colônia, que gera extrema eficiência , na busca, transporte e
armazenamento de alimentos, na reprodução, na defesa do grupo etc. Uma
das armas principais nessa luta coletiva pela vida é o uso de vários
tipos de linguagem (corporal, visual, gestual etc.), principalmente
química – porque o odor de cada parte do corpo, emitido no encontro de
dois seres, pode ter significados muito específicos, como alarme, desejo
de atração, disposição para cuidar da cria, oferta de alimentos etc. E
essa cooperação é a base da sobrevivência.