Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Ver Jesus numa criança colocada numa
manjedoura de uma gruta requer fé e aceitação plena do projeto de Deus
para a humanidade. Ver com o olhar da fé faz gotejar os pingos férteis
das palavras do anjo aos pastores: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para
vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor” Lucas 2,11).
O que é o Messias? O Senhor da história,
o prometido pela Pai, seu Filho, que vem recolocar de cheio Deus no
coração de cada ser humano para que ele pulse do amor divino e tenha
condição de felicidade infinita, a começar na terra. Não é um fundador
humano a mais de qualquer religião. Não vem fazer promessas mirabolantes
de solução de problemas imediatos. Sua salvação se dá na ordem global e
não só em curas físicas e superação de situações financeiras e
circunstanciais. Ele vem para consertar o coração humano para que ele
haja com amor, misericórdia, compreensão, promova a vida e respeite o
semelhante. Faça justiça. Erga os caídos. Dê suporte total aos
fragilizados. Dê vida, mesmo tendo que desgastar a própria. Saiba ser
humano. Use tudo para servir. Faça, promova e estruture a família com
laços de verdadeira união e compromisso de mútua ajuda para a realização
de um projeto de vida conforme o proposto pelo Criador. Use os dons
para o serviço ao outro. A política para o real benefício à sociedade e
não para uso egoísta e injusto de interesse fechado em si e nas
corporações. Use o dinheiro público para a promoção do bem da saúde, da
educação, da segurança, do lazer, do transporte e da inclusão social.
Celebrar o Natal é mais do que dar algo
neste dia para os pobres. É o compromisso cotidiano com eles para a
defesa e promoção de sua causa, lutando por sua inclusão humana, social e
cristã.
A Liturgia do Natal precisa ser
participada mais do que a refeição festiva com melhores comidas.
Saborear espiritualmente a presença do Emanuel nos dá força para a
caminhada. A fé é solidificada. O amor é potencializado. A esperança nos
faz verdadeiros apóstolos de Cristo para inundarmos o convívio humano
com a Palavra feita carne e darmos a todos a certeza de que, caminhando
com Ele, nós nos tornamos mais humanos e fraternos. Construímos mais
união para superarmos as desavenças, os ódios, as desonestidades e as
politicagens que destroem a justiça e a promoção da dignidade humana.
Tornamo-nos pessoas do bem e do real serviço à comunidade. Nossas
famílias se tornam celeiros de fraternidade e vida digna.
O Natal de Jesus aconteça, de fato, no
coração de todos, em todas as famílias, organizações e comunidades.
Assim, nasça a esperança de dias felizes e esperançosos para todos, até
para os que se encontram em situações difíceis da vida. Saibam que tudo é
passageiro na vida. Com a aceitação do Menino-Deus tudo encontra
sentido e esperança. Ele liberte a todos de todas as aflições e lhes dê
sua graça e sua paz!
Fonte: CNBB
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