Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
Foto extraída da internet
Repórter da Agência Brasil
Foto extraída da internet
São Paulo – Universitários de cinco continentes estão mais preocupados
com seu progresso pessoal do que em contribuir com a vida em sociedade,
apontam os resultados iniciais de pesquisa sobre o perfil de estudantes
de instituições de ensino superior católicas divulgada hoje (26) durante
encontro da Federação Internacional de Universidades Católicas (Fiuc).
Foram entrevistados 17 mil jovens com idades entre 16 e 30 anos de 34
países.
“Os países mais desenvolvidos são os que menos têm interesse pelo
social. Os africanos expressam mais essa preocupação, já os europeus
menos. [Os estudantes da] América do Sul estão em um meio termo. Devemos
aprofundar a análise, mas essa é uma das primeiras impressões”,
analisou Rosa Aparicio Gómez, socióloga responsável pela pesquisa e
professora do Instituto Universitário Ortega y Gasset, da Espanha.
Os dados socioeconômicos reunidos pelo trabalho apontam que as mulheres
são maioria nas universidades católicas do mundo, com 64% dos
entrevistados. De acordo com Rosa, essa proporção só se altera nos
países africanos, quando a presença feminina não alcança 47% do total.
Na avaliação de classes sociais, os estudantes de classe média
representam 73%, sendo que 42% são de classe média alta. Os
universitários de classe alta são 16% e de classe baixa somam 11%.
Dentre as principais razões apontadas pelos pesquisados para ingressar
na universidade, 91% escolheram a necessidade de conquistar um trabalho.
Os outros itens mais citados foram: gosto pelo estudo (43%) e vontade
de obter uma melhor posição social (25%). Apenas 18% citaram a
necessidade de ser útil à sociedade.
Quando questionados sobre quais os cinco aspectos mais importantes em
suas vidas, o mais citado, com 94%, foi a família. Também foram
apontados estudos (44%), amigos (43%), parceiro (33%) e futuro (27%). Os
cinco menos escolhidos foram: religião (21%), trabalho (19%), lazer
(6%), país (5%) e política (1%).
Outra questão que aponta certo grau de individualismo, na avaliação da
pesquisadora, trata sobre os projetos que os universitários gostariam de
conquistar nos próximos 15 anos. Ter um bom trabalho (62%), formar uma
família (45%), fazer pós-graduação (41%) e ganhar dinheiro (30%) são os
mais escolhidos. Os menos citados são: trabalhar para uma sociedade mais
justa (8%), envolver-se em projeto social (5%), participar de grupo
religioso (3%) e atuar em grupo político (2%).
O estudo mostra, ainda, que o perfil dos universitários brasileiros
está mais próximo ao dos estudantes de países emergentes do que ao dos
latino-americanos. Para a pesquisadora, isso pode estar relacionado ao
momento econômico vivido pelo país. “É uma época de certa bonança. As
pessoas estão vivendo outras coisas, estão avançando pessoalmente”,
avalia. Ela aponta que o Brasil está mais próximo de países do Sul da
Ásia, como a Índia.
Em relação aos papel das instituições, os estudantes mostraram-se
céticos ao pontuar a maioria delas. O item que recebeu maior nota, de
zero a seis, foi o das instituições educacionais, com 4,1. Em seguida,
aparecem as instituições religiosas, com média 3,7, empatada com as
organizações não governamentais e bancos. As três piores notas foram
dadas para a polícia (2,8), para os governos (2,3) e para os políticos
(1,9).
O uso da internet também foi enfocado na pesquisa. As redes sociais
estão presentes na vida de 94% dos entrevistados. Eles passam mais tempo
na internet do que com amigos. São cerca de duas a quatro horas por dia
no computador. O ambiente virtual que simula a vida real, conhecido
como Second Life, não é muito utilizado na maior parte do mundo, mas na
Ásia o percentual de jovens que constroem personagens virtuais chega a
50%. “É um dado que precisamos interpretar. Inicialmente, dá impressão
que significa uma insatisfação com a vida”, analisa Rosa.
Edição: Fábio Massalli
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário
Postar um comentário